A unidade de Oxford no Brasil terá duas sedes no Rio de Janeiro. A primeira, no Instituto Carlos Chagas, que será a base da equipe, de pesquisas e cursos. Outra sede, para os projetos tocados em parceria com o Ministério da Saúde, será anunciada nesta segunda-feira e ficará no Centro Cultural do Ministério da Saúde, na praça Marechal Âncora.
No Carlos Chagas serão realizadas pesquisas completamente independentes do governo, com financiamento de outras instituições financeiras, como uma que já foi iniciada há duas semanas, sobre terceira dose de vacina contra a Covid com a vacina da Clover.
No instituto também serão ministrados dois cursos, já com início no primeiro semestre de 2022, mesclando professores brasileiros com estrangeiros. Estes cursos, ainda em construção, serão adaptados para realidade e necessidades dos profissionais brasileiros, bem como a parte de estágio que deverá levar em consideração experiência profissional em instituições em Oxford, Brasil e Siena. O primeiro curso, será uma parceria com o curso que é dado em Oxford, sobre Doenças Infecciosas, o segundo, em parceria com a na Universidade de Siena, na Itália, é de Vacinologia e Desenvolvimento Clínico.
Sir Andrew Pollard, diretor do Grupo de Vacina de Oxford, chega ao Brasil nesta segunda para acertar os detalhes da unidade e visitar os centros de pesquisa. Em entrevista ao GLOBO, ele afirmou que o país oferece “enorme potencial para trabalharmos juntos com o Reino Unido e integrar projetos para melhorar a saúde humana”. Um dos motivos para a escolha da unidade aqui, a primeira na América Latina, foi a parceria no desenvolvimento da vacina de Oxford/AstraZeneca.
— Os brasileiros deram uma contribuição imensa para proteger a humanidade contra o coronavírus com a assistência e desenvolvimento do imunizante. A vacina de Oxford não existiria se não fossem os pesquisadores e voluntários brasileiros que tomaram parte nos testes — afirmou.
O professor britânico agradece o apoio que vem recebendo do governo brasileiro, mas reforça a independência da unidade:
— Somos agradecidos pela parceria e suporte mantendo a independência e decisões das pesquisas. Isso é importante na forma que trabalhamos. As instituições acadêmicas precisam ser independentes do ambiente político, mas capazes de trabalhar juntas com os ministérios relevantes porque boa política depende de boa ciência. Espero que esse seja um dos legados da pandemia — afirmou.
A pesquisadora e professora brasileira Sue Ann Clemens, responsável por trazer os estudos da vacina Oxford/AstraZeneca ao Brasil, e diretora do primeiro mestrado em vacinologia do mundo, na Universidade de Siena, será também a diretora da unidade.
Segundo Clemens, a equipe da unidade será formada por dois times: um para coordenação de pesquisa, que já tem uma médica e pessoal operacional, e outro para a parte acadêmica educacional de cursos. Além deles, profissionais serão contratados por projetos.
Para Clemens, uma das intenções da unidade é capacitar os cientistas brasileiros para desenvolverem planos globais, da identificação do antígeno ao registro internacional, capazes de serem apresentados a diferentes instituições de fomento.
— Hoje o Brasil é recrutador e o faz com excelência. As grandes indústrias trazem o protocolo pronto, o investigador senta, recruta, mas não sabe o que aconteceu antes nem depois. O plano de desenvolvimento global não é feito aqui e não tem participação do brasileiro. Os pesquisadores precisam começar a ter em mente o final do projeto, pensando em um produto para o mundo, com todas as etapas validadas internacionalmente e desenvolvidas no Brasil isso não vejo aqui. Este plano de desenvolvimento global alicerçado inteiramente por brasileiros e desenvolvido no país, poderá atrair investimento privado ou conseguir verbas para a execução da fase zero à de registro — explica.
Fonte: https://oglobo.globo.com/saude/unidade-de-oxford-no-brasil-tera-duas-sedes-no-centro-do-rio-25306972
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