Cinco de fevereiro é o Dia Nacional da Mamografia. Mas não há motivos para comemorar a data. Segundo um estudo do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), a desigualdade de distribuição de equipamentos de mamografia e até mesmo de radiologistas no Brasil é preocupante. Em uma média nacional, a oferta de mamógrafos no Sistema Único de Saúde (SUS) chega a apenas 1,3 aparelho para cada 100 mil habitantes. Isso pode comprometer o diagnóstico precoce do câncer de mama no país, diz o médico Alair Sarmet Santos, presidente do CBR.
O estudo traçou as características e a distribuição da oferta de equipamentos, serviços e exames de diagnóstico por imagem nos setores público e privado da saúde e dos médicos especialistas em radiologia em cada região do Brasil, além de comparar dados e apontar disparidades. A pesquisa recebeu o nome de “O Perfil do Médico Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem no Brasil” e foi realizado em parceria com pesquisadores do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP.
Se considerarmos apena o SUS, aponta o estado, o número de mamógrafos disponíveis para atendimento na rede nacional é de 2.102. A região com a maior oferta de equipamentos é a Sudeste (847), enquanto a região Norte possui a menor oferta (145). São Paulo é o estado que conta com a maior disponibilidade de equipamentos do sistema público (402), enquanto o Amapá possui a menor (2).
Quanto aos equipamentos em relação ao número de usuários do SUS por unidade da federação, a menor densidade observada é no estado do Amapá (0,26), seguida dos estados do Acre (0,36) e do Maranhão (0,46). Já a Paraíba (2,28), o Rio Grande do Sul (1,96) e Santa Catarina (1,94) são os estados com a maior densidade.
A pesquisa também destaca que há desigualdade entre os setores público e privado, sendo o último mais favorecido proporcionalmente ao tamanho da população assistida pelo SUS e pelos planos e seguros de saúde. Com esses dados, os pesquisadores criaram um Indicador de Desigualdade Público-Privado, chamado de IDPP.
No caso dos mamógrafos, no Brasil como um todo, o IDPP é de 4,72, ou seja, usuários do setor privado (quem tem plano de saúde) têm à disposição 4,72 vezes mais mamógrafos do que a população que usa exclusivamente o SUS.
Mato Grosso do Sul (81,09), Acre (60,61) e Paraíba (53,62) são os estados que possuem os maiores índices de desigualdade público-privada. Já Amazonas (1,38), Santa Catarina (2,53) e Paraná (3,19) têm as menores discrepâncias público-privadas.
— O objetivo do CBR é fornecer dados e provocar reflexão, pois a evidência científica deve nortear as discussões e proposições para o futuro da especialidade e a garantia da saúde da população Também chamamos a atenção para o acesso da população aos exames de imagem, que apresenta grande discrepância no território nacional — disse Alair Sarmet Santos.
*Matéria feita pelo Dr. Alair Augusto M. Santos, nosso professor titular do curso de Radiologia e retirada do site do Jornal Extra*
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